ANDERI, E.
G. C.; SILVA, E. F. da. A internet aliada no ensino da leitura. In:TOSCHI,
Mirza Seabra et al (orgs.). Leitura na
tela: da mesmice à inovação. Goiânia:
Associação Brasileira das Editoras Universitárias, 2010, p. 37-52.
Com o surgimento
das novas tecnologias da informação e comunicação, esse excesso de informação
exige uma nova postura do corpo docente, mudança e olhar diferente sobre a
sociedade atual. Segundo ANDERI e SILVA exigem uma maior exigência do cidadão,
”[...] uma contínua atualização dos conhecimentos dos cidadãos.” (ANDERI;
SILVA, 2010, p.37), assim afirmando também que: “Estar informado implica,
particularmente, o domínio dessas tecnologias, o que, por sua vez, implica em
fazer uso da leitura.” (ANDERI; SILVA, 2010, p.37).
Segundo as autoras
do texto, ter contato com a informação, saber lidar com esses instrumentos
digitais, não significa que o usuário saiba utilizar de forma adequada às novas
tecnologias, quer dizer: “[...] posicionar-se criticamente diante da
informação, pois isto exige, além do domínio da tecnologia da leitura e da
escrita, a produção de sentido e a construção de conhecimento.” (ANDERI; SILVA,
2010, p.37). Saber selecionar a informação, a contradição com a realidade,
assim possibilitar a produção de sentidos e consolidar o conhecimento.
A alfabetização
segundo ANDERI e SILVA, ganha deferentes contornos, em função do
desenvolvimento tecnológico, a comunicação e novas linguagens sofreram mudança
durante os momentos históricos, assim afirma: “Ao inventar a escrita o ser
humano permitiu-se não contar somente com a tradição oral; podia, então,
armazenar suas histórias, seus conhecimentos, suas regras, fazendo uso da
escrita.” (ANDERI; SILVA, 2010, p.38). Segundo ANDERI e SILVA, a prática de
leitura e escrita passou por diversos processos de fixação em vários momentos
da história, o que promoveu a facilitação dessa atividade:
“[...]
os processos de fixação da escrita se transformassem ao longo do tempo, caminhando
na direção de facilitação dessa atividade, saindo de uma tabuleta de argila,
para o papiro, para os rolos de pergaminhos, para o livro, o disquete, os CD e
o pen drive. O ato de ler ganha
conforto físico e com isto amplia as possibilidades de leitura.” (ANDERI; SILVA, 2010, p.38).
Antigamente segundo
ANDERI e SILVA, quando o ato de ler era praticado em uma espécie de rolo, a
leitura era feita em voz alta, pois na maioria das vezes não era ato privado,
assim ressaltando que, “[...] não permitia que o leitor escrevesse ao mesmo
tempo em que lia, impossibilitando a realização desses dois atos (ler e
escrever), ou seja, de transcrever [...]” (ANDERI; SILVA, 2010, p.38). Segundo as autoras do texto, nesse tempo a
leitura era bastante rigorosa, exigia concentração para não se perder entre as
palavras, mas em um determinado momento da história, a partir do século II
d.C., passou a existir uma tecnologia. O
“[...] surgimento do códex, livro com páginas, que veio para substituir o livro
de rolo [...] surgem novas práticas de leitura [...]” (ANDERI; SILVA, 2010,
p.38). Assim possibilitava praticar a leitura silenciosa e o leitor ter uma
relação íntima com o texto, ele já podia virar à página do livro. Para Manguel,
ele afirma que:
“O
lugar de leitura é importante não só porque proporciona um cenário físico para
o texto que está sendo lido, mas também porque sugere, ao se justapor ao lugar
na página, que tentam o leitor com o desafio de elucidação” (1997 apud ANDERI;
SILVA, p.39)
Para ANDERI e
SILVA, “Ler é condição básica de existência no mundo atual e, com o advento das
TICs, torna-se indispensável ler bem, rápido e de forma crítica.” (ANDERI;
SILVA, 2010, p.39). Segundo as autoras desse texto, existe diferença ente ler
um texto impresso indicado pelo professor, e outra coisa é ler um texto virtual
selecionado pelo aluno, isto é, ler em frente ao computador é considerado a
não-linearidade que “[...] permite o indivíduo recortar o texto, “navegando” em
qualquer sentido: não há certo ou errado, são opções feitas pelo navegador.” (ANDERI;
SILVA, 2010, p.40). Segundo Magda Soares ela afirma que:
“[...] a tela, como
novo espaço de escrita, traz significativas mudanças nas formas de interação
entre escritor e leitor, entre escritor e texto, entre leitor e texto e até
mesmo, mais amplamente, entre o ser humano e o conhecimento. Embora os estudos
e pesquisas sobre os processos cognitivos envolvidos na escrita e na leitura de
hipertextos sejam ainda poucos [...] a hipótese é de que essas mudanças tenham
consequências sociais, cognitivas e discursivas, e estejam, assim, configurado
um letramento digital, isto é, um certo estado ou condição que adquirem os que
se apropriam da nova tecnologia digital e exercem práticas de leitura e escrita
na tela, diferente do estado ou condição – do letramento – dos que exercem
práticas de leitura e de escrita no papel. Para alguns autores, o processos
cognitivos inerentes e esse letramento digital reaproximam o ser humano de seus
esquemas mentais” (2002 apud ANDERI; SILVA, p.40).
O letramento
digital, isto é, prática de leitura e escrita na tela, faz uso e se apropria das
novas tecnologias digitais. Segundo ANDERI e SILVA, ler é estabelecer conexões,
assim afirma que:
“A
formação de leitores críticos exige que tanto as crianças quanto os
adolescentes convivam diariamente com diversos suportes de texto, tais como
retroprojetor, projetor de slides mural,
cartaz, poster, fita de áudio,
fotografia, livro impresso e outros, até os suportes e tecnologias mais
recentes, como o projetor de multimídia, a fita de vídeo, o CD-ROM, o CD de áudio, o DVD e a internet.” (ANDERI; SILVA, 2010, p.41)
Para ANDERI e
SILVA, é fundamental formar leitores capazes de compreender a realidade que
está ao seu redor, mas o grande desafio da escola é preparar um individuo que
saiba ler, escrever e ser crítico, e está ressaltando também que boas partes
das escolas não têm conseguido realizar isso de forma satisfatória, pois
apresenta essa deficiência nos resultados de exames nacionais e internacionais
(PISA, Saeb, Enem dentre outras).
Segundo ANDERI e
SILVA, não é suficiente apenas trazer bons textos e diversos gêneros textuais
para a sala de aula, mas prepara o aluno para recebê-las: “[...] fazer circular
os textos em sua diversidade na escola; é preciso também aparelhar os
estudantes para sua recepção.” (ANDERI;
SILVA, 2010,
p.41). Assim o professor deve explicar as diversas estratégias de composição
textual (textos informativos, opinativos, didáticos, literários entre outros.).
Existem diversas estratégias que auxilia o professor em sua prática
educacional:
“Considerando-se,
assim, que ler é mais que um simples ato mecânico de decifração de signos
gráficos, é, antes de tudo, um ato de raciocínio no sentido da construção de uma
interpretação, de tal forma que se possam detectar as possíveis incompreensões
produzidas durante a leitura.” (ANDERI; SILVA, 2010, p.41).
Na sociedade
contemporânea ou sociedade moderna, faz uso das novas tecnologias, que
proporciona a leitura e escrita, utilizando instrumentos digitais, todos os
indivíduos da sociedade têm acesso à informação, a prática de leitura e escrita
se tornou um direito de todos. Segundo ANDERI e SILVA, as TIC traz novas formas
de leitura e de leitor, “Os leitores-navegadores ou os jovens internautas se
apropriam do mundo escrito por meio de um novo tipo de suporte, o eletrônico.” (ANDERI; SILVA, 2010, p.42).
Para as autoras
desse texto, a leitura na tela, proporciona o leitor participar e interagi-se
com o texto, “[...] o autor reinventa a narrativa e, por meio da
interatividade, o leitor faz a opção do caminho que vai seguir, ou seja,
participa da invenção da narrativa.” (ANDERI;
SILVA, 2010,
p. 42). Esse novo suporte de texto em ambiente diferente, modificar o
comportamento do leitor, consequentemente gera novas práticas de leitura.
“Os
recursos das tecnologias da comunicação e informação acabaram por trazer para a
escola mais estes desafios: por um lado, integrá-las numa vertente pedagógica,
contribuindo para a sua democratização, uma vez que oferecem potencialidades à
educação e formação, e, por outro lado, desenvolver uma reflexão sobre as suas
vantagens e os seus limites, numa tentativa de ter bem claro o que se refere ao
desempenho da técnica e o que se refere à capacidade humana e social de
comunicação [...]” (ANDERI; SILVA, 2010, p. 42).
Para ANDERI e
SILVA, elas ressaltam que, existem diversos tipos de leitores, “[...] o
contemplativo, que surgiu a partir do aparecimento da leitura silenciosa. [...]”.
(ANDERI; SILVA, 2010, p. 43),
existe também o leitor movente:
“[...]o
leitor movente, que é aquele que nasce no momento da expansão capitalista, do
crescimento dos centros urbanos, do aparecimento da publicidade, onde as coisas
acontecem com muita velocidade e superficialismo. O leitor que surge neste
período é um leitor fugaz, de memória curta, que necessita de aparelhos
externos para ajudá-lo a memorizar.” (ANDERI; SILVA, 2010, p. 43).
E recentemente
descobriu a existência do leitor imersivo, esse leitor surgiu na era digital, é
esse leitor que sabe lidar com a avalanche de mensagens virtuais e preza a
velocidade no texto abaixo afirma que:
“O
leitor o imersivo, o mais recente, que surge na era digital, é o que lida com
uma avalanche de mensagem virtual que preza a velocidade. Opta por textos mais
rápidos e curtos, o conto, por exemplo. Lida, simultaneamente, com uma
variedade de linguagens. Em função das características do suporte virtual se
tornar a informação, qualquer tipo de signo pode ser recebido, estocado,
tratado e difundido pelo computador, e o leitor pode acessá-lo por um leve
toque do mouse. O perfil desse leitor
é diferente dos dois outros, pois envolve transformações sensoriais,
perceptivas e cognitivas.” (ANDERI; SILVA, 2010, p. 43).
Geralmente as
escolas brasileiras, segundo ANDERI e SILVA, cuja base do trabalho é a escrita
em papel, adotam uma realidade diferente de seus alunos, isto deve ser
modificado, é necessário levar os professores as refletirem e a debater, aliás,
ressalta no texto que “[...] jovens que estão atualmente na Educação Básica
demonstram possuir grande potencial de compreensão de nova linguagem que se
apresenta na rede, que é a hipermídia.” (ANDERI;
SILVA, 2010, p. 44).
Sabe-se que a
internet é um recurso que contem diversas informações, assim afirma “A internet é reconhecida como um
“repositório inesgotável” de toda espécie e qualidade de informação [...]” (ANDERI; SILVA, 2010, p. 44). É fundamental e necessário
saber selecionar as informações confiáveis.
O indivíduo que
está praticando a leitura e escrita ele já faz sua interpretação conforme o
conhecimento prévio, assim conclui as autoras:
“A
leitura adquire significação diferente para os sujeitos pertencentes a
diferentes classes sociais. Para aqueles que pertencem a uma classe economicamente
desfavorecida, a leitura pode constituir fatores de inclusão social, ao passo
que, para os que pertencem à classe privilegiada, é uma alternativa de
expressão, de comunicação, nunca um exigência “do” e “para” o mundo do
trabalho.” (ANDERI; SILVA , 2010, p. 45).
Segundo ANDERI e SILVA, as mídias não podem
substituir o papel exercido pelo professor, mas pode modificar a forma pela
qual se vêem o mundo. As novas gerações
estão vivendo em uma cultura, que é conhecida como a cultura da imagem, o
trecho abaixo afirma que:
“Como a cultura da imagem é uma característica bem
mais forte das novas gerações, ela deve ser explorada pedagogicamente na
escola, pois a notícias, as novidades do planeta, estão expostas a todo o
momento pela televisão e, ainda em número reduzido, porém com crescimento
vertiginoso, pela internet. Mas,
muitas vezes, a instituição educacional faz uso inadequado dessas ferramentas
com potencialidade educativas.” (ANDERI; SILVA, 2010, p. 45)
Segundo ANDERI e SILVA, é fundamental e precisa de
uma vigilância cuidadosa para trabalhas com as TICs, sem cair no mesmo erro,
achando que simplesmente fazer uso dos equipamentos já faz a diferença
pedagógica. Afirma que a ação pedagógica não deve se resumir a uma apresentação
linear e sequencial dos conteúdos. Mas ver a necessidade de preparar o
professor para lidar com esses recursos, para saber trabalhar com esses
instrumentos. “Deve, de alguma forma, se assumir como produtor de conhecimento
e pressionar por tempo e espaço para o aperfeiçoamento do conhecimento nessa
área.” (ANDERI; SILVA, 2010, p. 47).
O professor pode utilizar a internet como um
instrumento de ensino, ressalta ANDERI e SILVA:
“Para
o professor venha usar a internet como
um instrumento pedagógico para o ensino da leitura, é necessário saber como se
faz a leitura nas telas dos computadores, ou seja, precisa adquirir, além da
alfabetização digital, a fluência tecnológica educativa.” (ANDERI; SILVA, 2010,
p. 47).
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